Modos de citação do discurso alheio, vulgo fofoca.
A análise dos discursos dos
personagens que integram um texto é de extrema importância tanto para a
produção textual, quanto para a interpretação das intenções do autor de um
texto, além de ser um assunto bastante abordado pelas principais bancas do
nosso Brasil. O Narrador pode inserir a fala dos personagens por meio de três
formas, dependendo totalmente da sua intenção de envolver mais o personagem na
história, ou de conferir a uma declaração um matiz de veracidade e autoridade
maior. Os processos de introdução de discurso alheio são: Discurso direto,
discurso indireto e discurso indireto livre.
Discurso direto: A
reprodução do discurso do (*) personagem por meio do autor é feita de modo
objetivo e direto, ou seja, o autor confere ao personagem a possibilidade de
propagar suas próprias palavras. O leitor tem, dessa forma, a sensação de estar
ouvindo o personagem pessoalmente falando. As marcas linguísticas presentes em
tal expediente são a presença dos chamados verbos
dicendi (ou verbos de dizer), como disse,
murmurou, perguntou, afirmou, falou, indagou. Tais verbos são um ponto de
partida para que seja introduzida a fala dos personagens.
O treinador, revoltado, chamou o seu goleiro e perguntou:
- Max, vai continuar engolindo frangos?
Percebe-se que, além dos verbos
de dizer, a pontuação também indica que o próprio personagem produzirá sua
fala, pela presença dos dois-pontos e travessão. O uso do travessão ( - )
denota a revolta do treinador pela atuação do goleiro embaixo do travessão (com
a permissão do trocadilho).
Discurso indireto: Nesse
processo, a introdução da fala do personagem é feita de modo indireto, ou seja,
o autor usa suas próprias palavras para reproduzir o que diz o personagem.
Vamos ao exemplo:
O treinador, revoltado, chamou o seu goleiro e perguntou se ele
continuaria engolindo frangos.
Nota-se que, neste caso, o
personagem não fala por si. O autor cita a fala do goleiro através da presença,
também, de um verbo discendi (perguntou).
Todavia, não há a presença de sinais de pontuação que indiquem fala
(dois-pontos e travessão), há, aqui, a presença de conjunções integrantes (que ou se). É o discurso da vizinha fofoqueira, onisciente e onipresente.
Discurso Indireto Livre: A
nomenclatura desse tipo de discurso não se dá por acaso. Nele, inexistem marcas
de pontuação, próprias do discurso direto. Também não ocorrem verbos de dizer
ou conjunções. Não há, desse modo, diagnosticadores evidentes dos limites entre
a fala do narrador e a do personagem. Em outras palavras, o discurso indireto
livre é o discurso indireto, livre
(isento) de verbos de dizer.
O treinador, revoltado, chamou o seu goleiro. Você vai engolindo
frangos?
Neste tipo de discurso imperam
frases interrogativas, exclamativas, optativas (desejos, ordens, súplicas),
interjeições e outros elementos expressivos.
A respeito dos efeitos produzidos pelos
diferentes tipos de discurso no universo linguístico, o discurso direto
confere ao discurso um maior tom de verdade, oferecendo um quê de preservação
da integridade das palavras do dono, inclusive com entonação. Já o discurso
indireto não possui marcas emocionais ou afetivas, ele denota uma grande
objetividade ao texto, observa-se, então, somente o conteúdo do que foi
informado. Há claramente uma distância entre narrador e personagem, aquele não
se interessa tanto pela individualidade deste, apenas visa o que foi dito, sem
qualquer tipo de envolvimento. O último tipo de discurso, o indireto livre,
mescla o que foi dito a respeito dos dois primeiros. Do ponto de vista
gramatical, o discurso é do narrador; do ponto de vista semântico, do
personagem. Ele é o meio do caminho entre a objetividade e a
subjetividade.
(*) Alguns gramáticos afirmam que o correto é A personagem, devido ao
sufixo –gem, o qual sugere o gênero feminino (ex.: a reciclagem, a politicagem,
a sacanagem). O uso moderno da língua me faz constatar e crer que personagem é
um substantivo comum de dois gêneros. Portanto, O personagem.
Ousem fofocar,
6 comentários:
Oi Prof.Fabrício, gostei de sua maneira de lecionar, divertido e prático. Valeu à aula aqui no Valparaiso, agora o resto é comigo e suas aulas.
Bjinhos e Abs. Mariana Marcelino
parabééns Fabrício, ficou bem mais claro esse assunto pra mim depois da sua explicação.. Xero,obrigado
Discurso da vizinha fofoqueira foi show! kkkkkkkkk
Excelente explicação! Obrigada!
muitobom
comi o cu de quem tá lendo essa porra heheheheheh
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