quinta-feira, 13 de outubro de 2011




Argumentação sem medo

Quando o assunto é Redação Discursiva, o pensamento que circunda a cabeça dos alunos e dos candidatos é uno: “eu tenho ideias, eu penso, mas na hora de pôr no papel...”.  Tal aflição se dá, pois a maioria dos leitores e dos estudantes, no Brasil, tem pouco contato com a língua escrita. E como o ato de aquisição da linguagem é totalmente ligado à atividade (Prof. Therezinha Bittencourt), quanto menos se pratica, menos se domina o ato de escrever e, por conseguinte, suas técnicas. 

A dissertação, que é o tipo textual preferido dos concursos, possui recursos de natureza lógica e técnicas exclusivas, as quais implicam um produtor persuadindo o leitor, ou seja, o autor que escreve com intenção de convencer o receptor de algo. Essa técnica de penetrar ideias com o objetivo de persuadir alguém do que se diz se chama argumentação, e isso não é exclusivo da modalidade escrita. Argumentamos diariamente, sobre política, sobre nossas preferências, inclusive sobre futebol, quando sabemos que nossos argumentos não convencerão o interlocutor a mudar de time...

Esse assunto sempre estará longe de ser encerrado, pretendo um dia escrever algo mais vistoso e solidificado sobre o assunto (como um livro). Neste presente texto, o meu objetivo é, simplesmente, fornecer noções gerais e algumas técnicas argumentativas valiosas para o candidato que pretenda deixar de lado o medo de argumentar na escrita. Engrenemo-nos.

 A primeira técnica (e a mais subjetiva) para a qual devemos atentar é a autoconfiança para defender pontos-de-vista, deve-se sentir capaz de escrever, argumentar, pensar que defender teses (ter opinião) é inerente ao ser humano racional, basta agora aprender a botar no papel. É preciso levar o leitor a crer e a fazer aquilo que se propõe. 

Partindo para o âmbito linguístico, o ato de argumentar exige uma série de técnicas, completamente possíveis de apreender. A primeira se chama unidade. O texto deve tratar de um só objeto, uma só matéria, deve-se tomar cuidado para não fugir do objetivo principal, da ideia central, um texto precisa ser coeso (*). Possuindo unidade, uma linha de pensamento clara, não se permite que o leitor receba diversas informações desconexas, um texto que fala sobre tudo não fala sobre nada.

Outra técnica considerável é o discurso de autoridade (ou argumento de autoridade). Um texto ganha mais peso quando apoia seu discurso em outro o qual trate do mesmo tema, basta que haja valimento, ou seja, correlação lógica entre o que se diz e o que se cita.

O mais importante expediente argumentativo é trabalhar as relações de causa e efeito dentro do texto. Há, sempre, de se estabelecer relações dicotômicas (mostrar dois lados) ao se argumentar. Quando se endossa um pensamento, mostrar a causa de suas afirmações e os efeitos de uma solução que se propõe a ela transmite ao leitor segurança, coerência e certa tranquilidade ao enxergar os entornos de tal defesa. 

Com matiz de epílogo, a última recomendação dessa primeira blog-conferência sobre o universo da Redação Discursiva é a técnica que chamo de refutação dos contras. Quando se trata de um assunto que possua um cunho polêmico, sempre haverá argumentos contrários. No entanto, ainda concernente às supracitadas relações dicotômicas às quais sempre se deve aludir, não se pode ignorar que variantes contrárias ao seu argumento existam. O que se deve fazer, desse modo, é mostrá-las de igual forma, com clareza, para depois refutá-las com inabaláveis argumentos, assim, a adesão do leitor às teses do seu texto será algo completamente natural. 

(*) Texto coeso é o texto cujas ideias possuem nexos, conexões. Um texto não é um emaranhado de palavras, os elementos precisam estar semanticamente conectados.

Ousem praticar,
Fabrício Dutra

Um comentário:

Ana Cláudia disse...

Ótimo texto! Principalmente por ser de redação, algo (na minha opinião) taõ difícil de se abordar didaticamente... Parabéns! =)